quinta-feira, 20 de junho de 2019

Quando o S. João tinha a companhia da "AGRO"

Sempre me habituei a ver as festas de S. João na cidade de Braga, como um acontecimento marcante e que me proporcionava momentos de muita alegria e diversão.
Para os dias de hoje, para além de uma agenda muito diferente, realço aqui alguns aspetos que mudaram desde então.
Há alguns anos atrás era frequente ver na zona do mercado municipal e Campo da Vinha, dezenas de autocarros que traziam muita gente de várias zonas do país. Naquele tempo, olhava para as camionetas procurando identificar a sua origem e lembro-me ter ficado com a impressão que muitos desses forasteiros eram da zona da Guarda e Viseu.
Como o número de camas disponíveis (em hóteis, pensões, e casas particulares) não era suficiente para albergar toda a gente e a disponibilidade financeira para pagar uma cama era baixa, era um espectáculo digno de ser visto, a quantidade de pessoas que dormiam nos passeios, mesmo ao lado das camionetas, chegando muitas das vezes a invadir a própria Rua Abade da Loureira (na zona da Legião - actual Arquivo distrital). Era tanta gente que os passeios da Praça do Comércio eram insuficientes para albergar tanta gente. 
Em anos em que o tempo estava mais tremido, o espaço coberto na parte da frente do mercado estava sempre a abarrotar e mesmo assim havia quem, desafiasse o tempo, dormindo nos passeios descobertos ou nas malas das camionetas (que levantavam as "saias" permitindo aos forasteiros aproveitar aquele espaço coberto).
Nas festas de S. João sempre gostei do tradicional toque das bandas e das largadas de balões que me encantavam. A sessão de fogo preso na Avenida Central era outro momento alto, normalmente antecedida por um espetáculo de folclore, que me exasperava (nunca mais acabava e o fogo nunca mais começava).
Como qualquer miúdo, também gostava de ver a procissão, onde toda a gente comentava o tamanho do S. Joãozinho e se este teria muito ou pouco frio.
Nas festas de S. João, havia um outro evento que me empolgava. Era a AGRO que nas primeiras edições, embora com um lapso temporal maior, coincidia em parte com as datas festivas.
Na Agro, havia dois ou três pavilhões que me atraíam. Um era o pavilhão da Livraria Victor, sempre presente. Gostava de ver os vários livros expostos e nunca mais me esquece a satisfação em poder escolher um livro quando o meu pai sempre me dizia a mim e à minha irmã: "Escolhei um livro, cada um". Grande satisfação essa, que ainda hoje se manifesta quando entro em qualquer livraria. 
Outro pavilhão que eu me recordo de ver muito atentamente era o pavilhão da Câmara Municipal onde eram expostos muitos projetos, alçados de ruas, de fachadas a retificar de forma a uniformizar o aspecto das casas em cada uma das ruas. Recordo-me de ver o projeto para a Arcada, com o quarteirão todo fechado, prevendo a demolição das casas viradas para a Brasileira, a construção de torreões nos topos da Arcada e a demolição da casa que havia (e ainda há) no piso superior do café Viana. Com o 25 de Abril não mais vi esses "papéis" que a mim, então um miúdo com 10/12 anos me encantavam.
Fica aqui a referência ao S. João de 1977 último ano em que teve a companhia da "Agro". Desde 1978 que o calendário da "Agro" deixou de coincidir com o S. João, ajustando o seu calendário ao calendário agrícola e, consequentemente, às necessidades dos visitantes, facilitando a que se viesse a  tornar uma feira  internacional.
Recordo-me de, nesse ano, ter visto o desfile das máquinas agrícolas com toda aquela imponente maquinaria agrícola a subir a Avenida da Liberdade (o dia do fim da "Agro" coincidiu com último dia festivo).
Hoje em dia, há um acontecimento que sempre que posso, estou presente, que na ocasião nunca tive a oportunidade de acompanhar, que é a abertura solene das festas que a meu ver é um momento de uma beleza ímpar, único e  que qualquer bracarense devia valorizar.
Fica o desafio...