sexta-feira, 28 de outubro de 2022

PALAVRAS e expressões de Braga e do Minho I


    Há não muito tempo atrás, muitos de nós palpitávamos sobre a origem regional de qualquer pessoa, apenas pelo seu falar, pela sua pronúncia, mais ou menos carregada em algumas letras ou sílabas. E o grau de acerto desses mesmos palpites podia-se considerar elevado. Não que isso tenha desaparecido, de todo. Só que, parece haver uma menor expressão desse efeito, fruto de diversos fatores que aqui não interessa tratar, mas que são por demais evidentes.

    Quem se dedicar ao estudo da sua árvore genealógica vai reparar, por exemplo, que os casamentos, há umas boas dezenas ou centenas de anos, por regra, eram efetuados entre pessoas da mesma freguesia ou concelho, o que terá acentuado e criado em cada localidade, consoante fosse ou mais menos isolada das restantes, um dialeto (entendido como um conjunto de palavras e expressões) e pronúncias próprias. 

    Braga e a região mais próxima que a rodeia não terá sido exceção e por isso, pretendo abrir aqui um espaço sobre um conjunto de termos e expressões correntemente usadas em Braga e na região circundante que normalmente, pessoas de outras latitudes mais a sul, desconhecem o seu significado.

   Comecemos por um exemplo: se perguntarem a um lisboeta, como eu já fiz, se sabe o que é uma joga, ele vai dizer que não sabe o que é.

    Para qualquer bracarense, "jogas" não faltam na praia, nos rios, etc. Essas pequenas pedras roladas, ou seixos, como os lisboetas lhes chamam, para o comum dos bracarenses é uma joga.

    


   jo·ga |ó|

nome feminino

1. [Portugal: Beira, Trás-os-Montes]  Pedra redonda e lisaboleada pelas correntes dos rios.

2. Pedra que os rapazes atiram.


"joga", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/joga [consultado em 28-10-2022].

    Embora este dicionário refira como sendo um regionalismo (oriundo ou usado?) da Beira e de Trás os Montes, a verdade é que no Minho e particularmente em Braga, esse termo também é aqui usado.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

A história de Braga contada pelos calendários de bolso (XVII) - PIC PIC

    Outra casa emblemática de Braga foi o PIC PIC. Recentemente desaparecida era uma conceituada casa de pronto a vestir para homem, direcionada para um público médio alto. 

    Fundada em 1944 e que girava sob o nome oficial de "Vale Rego, Antunes & Cª. Lda", tinha um estabelecimento comercial nos números 49 e 51 da Rua do Souto.

    Na notícia publicada, em 1 de maio de 2021, pelo jornal online "O Minho" a dar conta da ocorrência do encerramento da empresa na sequência de um processo de insolvência, é possível ver alguns comentários de pessoas  que conheciam a casa e referem algumas situações curiosas, como por exemplo a existência de clientes que "gostavam de fazer figura de rico" e que depois podiam virar "caloteiros", ou o relato de um cliente que vinha do Porto para ali comprar a sua roupa, agradado pela forma como era tratado.

    Como recordação desta casa, este calendário do ano de 1966, desconhecendo se era ou não usual a edição anual de calendários por esta casa.