sexta-feira, 20 de março de 2020

A história de Braga, contada por calendários (XII)

Estava a reservar o tema da "Saboaria e Perfumaria Confiança" mais para o fim (esperando que pudesse aparecer alguma boa surpresa, no meio da saga digitalizadora; já lá vão mais de 14.500 e a expectativa é que a totalidade de digitalizações se aproxime das 20.000 - falta pouco).
Mesmo correndo o risco de aparecer algum calendário mais valioso, não consegui esperar.
E a razão que me fez "atacar" já foi o facto de ter lido o livro de Nuno Coelho, "Uma história de Confiança" que muito me agradou e que desde já recomendo a qualquer bracarense:

Assim, decidi assinalar este facto, apresentando os poucos calendários que, até este momento, se me depararam. 
O facto da Confiança ter tido, durante muito tempo, uma tipografia própria, seria expectável a existência de inúmeros calendários alusivos aos seus produtos, o que me faz acreditar que ainda possam aparecer.
Da leitura do referido livro, uma das coisas que me aprouve registar, no que toca à Confiança, foi que se trata realmente de uma empresa com uma rica história e que conseguiu chegar até aos nossos dias, com um percurso que teve momentos muito interessantes, tendo presente uma consciência social digna de ser registada. Ficou demonstrado que é possível obter bons resultados, valorizando o operário enquanto pessoa que tem a sua vida própria, as suas necessidade, etc. 
Para além disso, outro elemento digno de realce e que constituía quase uma imagem de marca, durante muitos anos, todo e qualquer produto por si fabricado, identificava sempre Braga, como local de produção, fosse qual fosse a entidade para a qual o produto fosse produzido.
Era eu miúdo e recordo-me perfeitamente quando, numa qualquer pensão ou hotel do nosso país, distante da nossa cidade, fui confrontado com um mini sabonete onde constava o nome do hotel e a menção "Confiança - Braga" e o efeito que isso em mim produziu: um orgulho enorme, ver o nome da nossa cidade ali tão perto. Já não tenho a capacidade de identificar onde foi, mas o efeito não esqueceu.  
A polémica que tem envolvido o belo edifício fabril onde durante muitos anos funcionou, e que marcou uma época, torna mais oportuna esta publicação, fazendo votos para que as entidades responsáveis sejam capazes de preservar este espaço, dando-lhe a utilidade adequada, sem desvirtuar o essencial. Acredito que haverá gente capaz para o fazer, prestando desde já o meu tributo àqueles que têm lutado por isso mesmo. 
Quanto aos calendários a apresentar, são relativamente recentes, alusivos a produtos da empresa, pelo que poderão não causar grande impacto, mas fica a promessa de actualização deste "post" logo que surja algo mais curioso (calendário ou não). Vai aparecer...


 
 




quarta-feira, 11 de março de 2020

A história de Braga contada por calendários (XI)


Uma das indústrias na qual Braga se destacou foi a fabricação de malas e artigos de marroquinaria.
Segundo consta terá sido no início do século XX que se terão instalado em Braga as primeiras empresas de produção de malas.
Uma das mais importantes foi sem dúvida a "Malas Ferreira" nascida em 1929 e que durou até 1997, sobre a qual poderemos mais à frente falar.
Mas, no caso presente, iremos falar sobre a "Francor". 
As malas Francor assinalaram o seu cinquentenário em 1985, pelo que é um dado adquirido que nasceram em 1935, tal como o calendário a seguir o documenta. Foram por isso contemporâneas e concorrentes com as Malas Ferreira, durante muitos e bons anos.
A Francor terá nascido por impulso de Francisco Gomes Correia, empresário bracarense, nascido na freguesia de Palmeira, em agosto de 1906, filho de "vendeiros" (assim reza o seu registo de batismo). 
A empresa toma a forma de sociedade em janeiro de 1973 sob a denominação "Francisco Gomes Correia & Filhos Lda", facto talvez motivado pelo falecimento da esposa Isabel Chaves em 1967.
Em 1972, assume especial relevância o moderno edifício fabril construído na Avenida Imaculada Conceição, que funcionou como sede da empresa até ao encerramento da atividade em julho/agosto de 2001, não conseguindo resistir à feroz concorrência. 
De referir ainda que, paralelamente, existiu ainda uma casa comercial no Largo Barão de S. Martinho, explorada pela família, onde eram comercializados artigos produzidos pela Francor.
Como memória ficou o edifício da Av. Imaculada Conceição, propriedade da família, que mereceu ser retratado em muitos dos calendários editados, não sendo contudo motivo exclusivo, como atestam os seguintes exemplares: 

Em 1986 e 1987:
 


     
Entre 1988 e 1992:

 
 


 

 





Posteriormente, foram ainda editados outros calendários, mais centrados nos produtos da empresa, deixando o edifício de aparecer, como por exemplo este conjunto de 1994:
 

A "Francor" foi assim uma prestigiada empresa, de razoável dimensão, que fez parte da história empresarial da nossa cidade, que teve um contributo importante para a economia da região e que merece, a meu ver, o devido destaque.

Haveria ainda certamente muita coisa a falar e eventualmente algo do que aqui foi dito, menos rigoroso, merecer alguma correcção. Ficará esse papel para aqueles que devido às suas relações, de amizade ou profissionais, com esta empresa ou família, possam e queiram contribuir com o seu conhecimento para que a sua memória não se perca. Os bracarenses certamente agradecerão...